Em entrevista para a Classic Rock, o vocalista Bruce Dickinson falou sobre seus planos para 2025 com a carreira solo e a turnê de 50 anos do Iron Maiden. Confira!
Por Paul Elliott
Assim como James Brown gostava de se chamar de "O Homem Mais Trabalhador do Show Business", Bruce Dickinson é o homem mais trabalhador do Heavy Metal. Em 2024, o vocalista lançou seu sétimo álbum solo, The Mandrake Project, e embarcou em uma turnê de divulgação, após a qual retornou ao Iron Maiden para concluir a Future Past Tour com a banda. Em meio a tudo isso, Dickinson também supervisionou um programa de reedição de seu catálogo solo. E ele está ansioso por uma agenda lotada em 2025.
A Classic Rock descreveu o The Mandrake Project como "uma visão grandiosa". O álbum saiu exatamente como imaginou e você ficou surpreso com a reação extremamente positiva a ele?
Na sequência, não e sim! Não saiu do jeito que eu pensava. Era um trabalho constante em andamento. Em vez de ser um grande projeto, o álbum meio que se desdobrou, porque foi feito aos poucos a partir de 2013 e mesmo antes disso. Há elementos desse álbum que remontam a vinte anos! Então, se alguma vez houve um trabalho que estava se formando em seu subconsciente que você nunca soube que estava fazendo, era isso. E quando finalmente terminamos, estávamos nos beliscando dizendo: "O que fizemos?"
Foi apenas uma sensação estranha que tive – como quando o Maiden fez The Number Of The Beast. Nós – minha banda solo – todos tínhamos a sensação de que era algo realmente importante. E, obviamente, não vai ser tão importante quanto The Number Of The Beast. Nada jamais será. Mas havia o mesmo tipo de sentimento de que isso era algo realmente especial.
E então, eis que sai e todo mundo entendeu. Bem, talvez uma ou duas pessoas não tenham entendido, mas não me disseram. Então, sim, superou todas as minhas expectativas mais loucas. E é ótimo para seguir em frente para fazer outro álbum, mas ao mesmo tempo estou apenas tentando não pensar em nenhuma pressão.
Qual era a sua mentalidade quando você fez a turnê do The Mandrake Project? Você se apresentou sem o Maiden em vários estágios de sua carreira, mas desta vez foi diferente?
A coisa é, fora do Maiden, esta é a banda dos meus sonhos. E eu tinha o layout do palco totalmente diferente do Maiden. Tínhamos a bateria de um lado, os teclados do outro lado, e o espaço de apresentação no meio era um vale-tudo. Quando não estou lá cantando, qualquer um pode estar naquele espaço. E isso apenas reorienta todos na plateia – tipo, ok, isso não é o Maiden. Então você pendura seu chapéu do Maiden na porta e o aceita pelo que é.
Deve ser satisfatório ter este projeto solo aceito por seus próprios méritos.
Exatamente. E eu tentei fazer isso com Balls To Picasso [seu segundo álbum solo, lançado em 1994 depois que ele deixou o Maiden]. Mas esse álbum foi mais fraco do que deveria ter sido. E não só isso, o momento foi uma porcaria. Você acabou de sair da banda de heavy metal favorita de todos no planeta e pede às pessoas que ouçam um álbum que é realmente muito diferente. As pessoas simplesmente acharam intragável.
Falando em Balls To Picasso, você está trabalhando em uma nova versão desse disco.
Estamos remixando todo o meu catálogo solo. Eu fiz sete álbuns solo, metade do que eu fiz com o Maiden, o que parece meio maluco, na verdade. Com toda a nova tecnologia, você pode reforçar as coisas, e Balls To Picasso é o que mais fizemos. Adicionamos mais guitarras, mais teclados, orquestração.
E a seção de metais em Shoot All The Clowns - uau! Encontramos esses caras, eles são professores de música da Berklee que por acaso são maestros de trompete e trombone e também são fãs. Com Shoot All The Clowns, eles disseram: "Podemos simplesmente ir com tudo e fazer o Aerosmith completo nesta seção de metais?" Eu disse: "Boa ideia, rapazes!"
E oh meu Deus, é demais! Todas essas coisas trazem muito mais as cores das músicas. Então, vamos renomeá-lo para More Balls To Picasso, apenas para diferenciá-lo. Esse será o primeiro a sair, em agosto próximo. Depois disso, será Skunkworks e Tattooed Millionaire, depois Accident Of Birth e também Chemical Wedding, que terá algumas faixas que não entraram no disco original.
Seu movimentado 2024 terminou com a última etapa da Future Past Tour do Maiden, que se concentrou no material do álbum mais recente da banda, Senjutsu, e Somewhere In Time de 1986.
Há uma música de Senjutsu que está na pole position para as pessoas que fazem uma viagem ao banheiro - o que eles não fazem - e essa é Death Of The Celts. É uma música longa, dez minutos, com uma longa parte instrumental de cinco minutos e vinte segundos. Eu sei disso porque é quanto tempo eu tenho que tomar uma xícara de chá no meio. Você chega ao final dessa música e olha para o público e fica tipo: "Merda, nós não os perdemos, certo? Eles estão conosco! Eles estão prestando muita atenção." É quando você sabe que realmente tem algo.
Somewhere in Time tem quase quarenta anos. As músicas envelheceram bem.
Absolutamente! E colocar esse álbum na frente e no centro é ótimo. Somewhere In Time não foi exatamente esquecido como um álbum, mas de alguma forma sempre pareceu viver na sombra do que veio antes dele - a Santíssima Trindade de The Number Of The Beast, Piece Of Mind e Powerslave - e o que veio depois dele, Seventh Son Of A Seventh Son. Mas há algumas músicas incríveis em Somewhere In Time. Eu amo Stranger In A Strange Land, tem um groove tão bom.
Há também muitas coisas desafiadoras desse álbum neste set do Maiden – não menos importante a letra da música Alexander The Great.
Ha! Quero dizer, eu desafio qualquer um a cantar 'Hellenism he spread far and wide' e não perder a porra dos dentes da frente!
Olhando para este ano, o Iron Maiden estará comemorando seu 50º aniversário com a turnê Run For Your Lives, tocando músicas do álbum de estreia até Fear Of The Dark.
Você quer os maiores sucessos, certo? Bem, não podemos fazer todos eles, porque vamos parar em um determinado álbum. São os maiores sucessos até então. Mas a produção vai ser de outro mundo. E temos um setlist que vai arrancar a cabeça das pessoas!
