O baixista Steve Harris não descarta a ideia de fazer uma turnê com o Judas Priest. A ideia foi comentada por dois integrantes do Priest, o vocalista Rob Halford e o baixista Ian Hill, em diferentes entrevistas.
Agora, em bate-papo com o jornalista Eddie Trunk em seu programa de rádio "Trunk Nation", na SiriusXM, com transcrição do Blabbermouth, Steve Harris falou sobre o assunto e demonstrou estar aberto à ideia.
"É engraçado, porque eu mesmo vi (os comentários recentes de Rob Halford). Além disso, aparentemente, alguém disse que Ian Hill havia comentado também. Então, não sei. Suponho que os empresários precisarão entrar em acordo e fazer acontecer, mas por que não? Os fãs podem pressionar para que isso aconteça. Vamos ver", afirmou.
Harris também relembrou a turnê que o Iron Maiden fez abrindo para o Judas Priest, na América do Norte, em 1981. Na época, o Priest promovia o álbum "Point Of Entry", enquanto o Maiden, relativamente novato, divulgava seu segundo disco, "Killers".
"Tenho muitas boas lembranças (da turnê). E eu realmente amo aquele álbum, 'Point Of Entry'. Algumas pessoas dizem que não é o trabalho do Priest favorito delas, mas imagino que, por estar em turnê (com o Priest na época), eu realmente gostei dele", disse.
O que Rob Halford e Ian Hill disseram
Em entrevista recente ao Consequence of Sound, Rob Halford falou sobre a possibilidade de montar um "Big 4 britânico" do heavy metal, inspirado no "Big 4" do thrash metal dos Estados Unidos. A ideia seria reunir sua banda, Judas Priest, com o Iron Maiden, Motörhead e o grupo que começou tudo: o Black Sabbath.
"Meu sonho sempre foi ter tipo o 'Big Four' do Reino Unido, mas sem transformar isso em uma coisa deprimente. Sempre sonhei em Black Sabbath, Motörhead, Priest e Maiden como o 'Big Four' fazendo algo no Reino Unido", afirmou.
Halford, porém, lamentou o fato de duas dessas quatro bandas terem encerrado suas atividades. O Motörhead chegou ao fim após a morte de seu líder, o vocalista e baixista Lemmy Kilmister, em 2015, enquanto o Black Sabbath se aposentou em 2017, ainda que seus integrantes originais ainda estejam vivos.
"Infelizmente, dois quartos (deste 'Big 4 britânico') se foram. No entanto, a música vive para sempre. É o principal", disse o Metal God.
Dessa forma, o cantor destacou que gostaria de fazer uma turnê com o Iron Maiden. "Acho que ambas as bandas gostariam. Só precisamos do momento certo. Somos bons amigos. Quando se fala de rivalidade saudável, é como o Arizona Cardinals e o Raiders, ou o Phoenix Suns e Golden State Warriors. É esse tipo de rivalidade, uma boa e divertida. Mas acho que uma banda admirou a outra ao longo dos anos e seria espetacular: Priest e Iron Maiden juntos", disse.
Em maio deste ano, o baixista do Priest, Ian Hill, sugeriu uma colaboração entre as duas bandas. "Seria muito interessante se pudéssemos fazer algo juntos antes que alguém morra. Seria ótimo! (risos) Há muitas outras bandas com as quais tocamos. Temos Uriah Heep como convidados especiais da turnê. Eu era fã do Uriah Heep no passado. Eles são das antigas tanto quanto nós, talvez até um pouco antes. [...] Tocamos com algumas bandas, mas precisamos nos juntar com o Iron Maiden", afirmou.
Judas Priest vs. Iron Maiden
Ao que tudo indica, a famosa rixa entre o Judas Priest e o Iron Maiden ficou no passado. A história foi esclarecida, recentemente, pelo guitarrista K.K. Downing em entrevista a Eddie Trunk e em seu livro, "Heavy Duty: Days and Nights in Judas Priest".
"Terminamos de gravar 'British Steel' e estávamos para sair em turnê (com o Iron Maiden abrindo). Então, eu li em uma revista sobre música que (os músicos do Iron Maiden) disseram algo como: 'vamos arrebentar com o Priest'. Eu pensei: 'que m*rda é essa?'. [...] Por que deveríamos tê-los em turnê conosco se eles vão criar esse tipo de situação antes mesmo de nos conhecermos? Eu disse: 'vamos nos livrar deles e chamar alguém que realmente goste da oportunidade'", contou o guitarrista, na ocasião.
Downing disse que os membros do Judas Priest concordaram em procurar por outra banda de abertura, mas, na prática, não foi o que aconteceu. "Estávamos nos ensaios e uns caras chegaram e sentaram em frente a mim. Perguntei quem eram e o meu roadie de guitarra disse: 'oh, essa é a banda de abertura'. Questionei quem os convidou. [...] Não dá para dizer que eles nos arrebentaram - éramos bem estabelecidos na época e aqueles caras ainda estavam subindo na hierarquia. A turnê rolou, mas não havia uma boa atmosfera e não foi algo que gostei que tivesse acontecido", disse.
E aconteceu de novo. "Disseram que o Iron Maiden abriria para nós na primeira turnê deles pelos Estados Unidos (em 1981). E eu falei: 'não, de novo não, dá para não ter esses caras com a gente?'. Mas eles vieram mesmo assim e criaram transtornos, por diferentes motivos. Isso levou a um confronto e ficou um pouco feio. Não sei exatamente como aconteceu, mas eu me encontrei com Paul Di'Anno (vocalista do Iron Maiden na época) muito tempo depois, por volta de 1995, e ele disse: 'ei, K.K., sentimos muito por aquela fala na imprensa'. Isso é tudo o que você precisa. De qualquer forma, são águas passadas. Eles eram jovens, estavam subindo nas fileiras, eram um pouco delinquentes, mas, pelo menos, eles tinham 'bolas', sabiam o que queriam", afirmou.
Em sua autobiografia, Paul Di'Anno admitiu que ele mesmo foi a razão para a rixa - algo que K.K. Downing negou em uma entrevista anterior. "Paul pediu desculpas para mim, um grande gesto, mas não foi a principal razão para a rivalidade", disse K.K., à revista Rock Hard, em 2003. Na época, Downing disse que os membros do Iron Maiden foram "arrogantes" e que o episódio da passagem de som o irritou porque eles estavam lá para observar "tudo o que a gente fazia, cada movimento de palco e das luzes - não me entenda mal, mas eles poderiam ter perguntado antes".
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Whiplash.Net