Feliz aniversário, Bruce!
51 Anos!
Obrigado Bruce!
Por Ricardo Batalha
Publicado originalmente no site Rock Online
Quando a banda inglesa Iron Maiden surgiu, em meados de 1977, a cena musical era comandada com grande sucesso pelo Rock Progressivo/Sinfônico de bandas como Yes, E.L.P., Genesis, King Crimson, Jethro Tull, Pink Floyd, Vangelis, Renaissance, Supertramp e Triumvirat, entre outras. Além das "viagens" do Rock Sinfônico, outra tendência ditava moda na Inglaterra e se espalhava mundo afora, o Punk Rock, com nomes como Ramones, Sex Pistols, Stiff Little Fingers, The Clash, Buzzcocks e Sham 69. Nos Estados Unidos, a paradas eram dominadas pela Disco Music, de Village People, Donna Summer, Silvester, Chic, Earth Wind & Fire, Stevie Wonder, Commodores, Tavares, The Trammps, Bee Gees, K.C. & The Sunshine Band e Santa Esmeralda.
Naquela época ninguém queria saber de Heavy Metal e as bandas do gênero passavam desapercebidas. As mais insistentes e que tinham algo de novo para mostrar seguiam tentando se impor. A principal delas: IRON MAIDEN, responsável pelo "boom" que deu início a uma nova geração, aquela que fez ressurgir o interesse do público para a música pesada. A este movimento deu-se o nome de New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM).
Os anos foram passando e novas tendências surgindo, especialmente nos anos 80, uma década que respirou Hard Rock e Heavy Metal. Aí entra em cena um tal de Bruce Bruce, vindo da banda Samson, para substituir Paul Di'Anno, no Iron Maiden, seguidamente lançando álbuns que se tornaram clássicos do estilo.
Na época, todas as grandes bandas do gênero estavam firmes e muitos novos nomes surgiam timidamente para depois vingar e subir ao topo. Não foi algo revolucionário, mas fez com que o estilo não caísse numa mesmice, como ocorrera quando o Iron Maiden surgiu. Naquela década, as bandas tinham algo de novo e por isso surgiam as subdivisões, com a inclusão do Thrash Metal, Death Metal, Black Metal, Power Metal e Speed Metal. Muitos acreditam que as subdivisões deram causas ao enfraquecimento do Heavy Metal, mas, estas foram absolutamente necessárias, pois seria no mínimo absurdo colocar lado a lado bandas como Slayer, Bathory, Stryper e Helloween. É bem verdade que todas são "Metal", mas com características sonoras e ideológicas bastante distintas.
Por outro lado, o Hard Rock invadiu as paradas de sucesso das rádios nos Estados Unidos e da MTV, levando consigo as bandas tradicionais. Algumas bandas novatas conseguiam sucesso de forma repentina, obtido por uma postura apelativa em seu visual, mas com músicos qualificados e técnicos. Desta forma, o Heavy Metal subiu, com bandas integrando o Top 100 na Billboard com certa facilidade.
Por todas estas fases, o Iron Maiden trilhou o caminho da fama, ajudando a engrandecer o cenário. Isto até a metade dos anos 90, quando o Metal foi enfraquecido por um forte e absurdo trabalho de marketing das gravadoras norte-americanas, que abandonaram as bandas de Hard Rock.
O Hard/Glam descia do topo das paradas para os porões do underground. O Iron Maiden passava por momentos difíceis com as constantes desavenças entre Steve Harris e Bruce Dickinson até que estoura a bomba, com Bruce deixando a banda para seguir em carreira solo. Naquele momento, uma tendência "musical" vinda de Seattle (EUA) mudaria os padrões da música pesada: o Grunge.
Com o "Movimento Sub-Pop" a nova tendência vingou na cena artístico-musical dos Estados Unidos e logo se expandiu aos quatro cantos do mundo. Com um clima das Guitar Bands, atitude debochada, visual "largado" e sujo, a nova onda era seguir os passos de uma banda de pseudos-músicos, liderada por um drogado depressivo, que acabou se matando (também...). Nem todos aceitaram essa nova tendência, pois a maioria destas bandas (à exceção do Alice In Chains), apesar do sucesso, até inimaginável, apresentavam um som deficiente e demasiadamente simples.
O Metal estava aparentemente enfraquecido e voltava ao underground, mas, tinha muito mais estrutura e a fidelidade incondicional de seu público. Mesmo assim, os anos foram passando e o Iron Maiden pela primeira vez pareceu ter sentido o baque. Com um novo vocalista, Blaze Bayley, no lugar de Bruce, a banda não conseguiu repetir o mesmo sucesso. Enquanto isto, grupos de Pop, Rap, Black Music, Techno e Dance Music dominam as paradas, vez por outra, com a companhia de nomes como Metallica, Aerosmith e Pantera.
Graças ao viciadinho, deu-se o surgimento de uma nova tendência, o Alternative Metal, que aguçou os anseios financeiros das grandes gravadoras e, mais uma vez, após um forte esquema promocional de marketing, o estilo volta a figurar a mídia, não só a segmentada, mas os grandes veículos de comunicação, incluindo a Internet. Mesmo assim, faltava algo para que o Heavy Metal voltasse de vez a se impor novamente.
O ano: 1999. A bomba: Bruce Dickinson retorna ao Iron Maiden! E mais: a banda passaria a contar com três guitarristas! A ansiedade toma conta dos fãs e banda sai em turnê de promoção para o game de computador "Ed Hunter". Mas, o que todos queriam mesmo era ter algo palpável e, em maio de 2000, é lançado o álbum "Brave New World" (EMI), rapidamente obtendo uma vendagem expressiva, inclusive no Brasil. Os shows da nova turnê da banda "Metal 2000" contam com uma grande produção, reeditando os melhores momentos dos anos 80. Desta forma, todos passaram a olhar novamente para o Heavy Metal, pois ter um Iron Maiden forte e ativo é sinônimo de que o estilo tem condições de voltar a subir, consequentemente, levando consigo todas as suas subdivisões, até mesmo o Hard Rock, que de forma quieta começa a se reerguer nos Estados Unidos.
Por tudo isto, Bruce Dickinson merece uma estátua! Quanto ao Iron Maiden, se seus fãs a consideram como a maior banda do mundo no estilo, estão provando que esta posição merece acolhida, pois quase nenhum nome no Metal é capaz de fazer um estardalhaço tão grande. Botaram lenha e atearam fogo. Segura, que vem mais...
Ricardo Batalha é redator-chefe da Revista Roadie Crew
http://www.roadiecrew.net