Jornal da Tarde: Entrevista com Bruce Dickinson

Entrevista por: Marco Bezzi, marco.bezzi@grupoestado.com.br

Esqueça o velho ditado de que “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Quando se trata do heavy metal, o raio cai duas, três, quatro... quantas vezes forem necessárias. O mês de março reserva para os famintos do som pesado mais seis apresentações da histórica turnê Somewhere Back In Time Tour, do Iron Maiden, que passou pelo País há menos de um ano. Antes que os agressores atirem suas interjeições ao retorno precoce de uma das maiores bandas da história do rock, o vocalista Bruce Dickinson explica o motivo: “Nós teremos o palco inteiro da turnê europeia. O Brasil merece isso. Queremos fazer em São Paulo o maior show da história do Iron Maiden na América do Sul”, comentou o simpático Dickinson, por telefone, na quinta da semana passada.

Qual é a diferença desta turnê para a do ano passado?

Teremos um show pirotécnico enorme. Fogos, bombas e luzes. Traremos o Eddie vestido de múmia desta vez. No Rio também teremos o palco completo.

Este ano vocês também lançarão o documentário ‘Flight 666’. Pretendem voltar ao País para lançá-lo?

A première do filme, provavelmente, vai ser no Brasil, um dia antes do show no Rio (no dia 14). Queremos levar toda a imprensa mundial para o Brasil.

Este é o fim da turnê?

Acabaremos na Flórida. A turnê já durou demais. Mas o que teremos no Brasil será um show exclusivo. Vocês já ouviram as músicas que todo o mundo ouviu. Mas trocamos as músicas e tocaremos clássicos dos três primeiros álbuns. Não vamos perder nenhuma das grandes canções como The Rime of the Ancient Mariner, mas acho que as pessoas vão se surpreender com as canções que vamos tocar. Nosso próximo passo é entrar em estúdio e gravar um novo álbum, que vai sair no ano que vem.

O show daqui vai virar um DVD?

Não sei, mas nós filmamos tudo. Talvez nossa equipe entenda que este seja um show importante para entrar na nossa filmografia.

Você tem seu show de rádio na BBC. O que tem escutado de novidade?

Bandas como Mastodon, The New Black, Trivium, Lamb of God e Rise To Remain.

No ano passado, você escreveu o roteiro do filme ‘Chemical Wedding’. Conte a experiência.

As pessoas ficam me pedindo para fazer filmes (risos), mas escrever um roteiro leva muito tempo. Quem sabe não escrevo um amanhã (risos). Chemical Wedding não é um filme de terror. É um filme que agrega diversos gêneros. O que você pode falar desse filme é que é um filme cult, que custou muito pouco. Se você gostou de The Rocky Horror Picture Show, vai gostar desse.

Caso tivesse de descrever para o seu neto como foi a experiência desses dois anos, como faria?

Contarei que um dia pessoas de verdade viajaram pelo mundo em enormes máquinas que voavam pelos céus. Fomos a diversos lugares onde milhares de pessoas vinham nos ver. Fazíamos tanto barulho que, na época em que meu neto nascer, esse barulho não será mais permitido. As pessoas bebiam muito, faziam sexo - o que será ilegal na época dele também. Ele me perguntaria se elas não seriam hologramas. E eu responderei que não.

Ouvi dizer que além de pilotar o avião Ed Force One, você vai praticar esgrima no Brasil.

Vou fazer alguns dos voos, mas poucos. Agora, se alguém da comunidade de esgrima no Brasil quiser me convidar para jogar, eu aceito. Tenho um amigo em Buenos Aires que é o técnico da seleção argentina de esgrima. Vou jogar com ele.