E o tão comentado setlist chinês para os shows do Iron Maiden em Beijing e Shanghai, que vazou no final de janeiro, se mostrou 100% autêntico após o primeiro show da banda na The Book Of Souls World Tour.
Tendo que seguir à risca as regras impostas pelo Ministério da Cultura daquele país, que dita quais músicas um artista pode ou não executar nos shows em seu território, o Iron Maiden teve, ao que tudo indica, um de seus maiores clássicos censurado pelo governo chinês.
"Powerslave" é a única música tocada no primeiro show da turnê, que não está no setlist da China. O clássico de 1984 será substituído por "Brave New World".
Mas por qual motivo Powerslave teria sido censurada?
O sistema comunista chinês segue o ateísmo, para o qual não há nem Deus, nem Buda, nem Tao, nem qualquer manifestação do sobrenatural. Dessa forma, todas as normativas e regulamentações governamentais tem como finalidade controlar a religião. Toda e qualquer manifestação religiosa, direta ou indiretamente, está contra os objetivos do regime e portanto é considerada um obstáculo a ser eliminado.
Na letra de Powerslave, um Faraó lamenta a limitação de seus poderes, se ele é um Deus, porque tem que morrer? A letra faz menções a símbolos egípcios como o Olho de Hórus, que significa poder, coragem e proteção. Na mitologia egípcia, o olho direito do falcão, isto é, de Hórus, foi perdido durante a luta contra seu tio Seth, que o fracionou em 64 partes. Diz a lenda, que o olho foi restaurado por Thoth. Após ser restaurado, Hórus poderia então reviver Osíris (referido no verso "Enter the risen Osiris-risen again").
No fim da música, a letra fala sobre o que acontecerá a ele após sua morte, baseado claro, na fictícia maldição do faraó (A shell of a man God preserved-a thousand ages).
Uma outra observação é a de que no documento chinês consta ainda a presença de "The Wicker Man", que não foi executada em Fort Lauderdale e pode ser adicionada ao setlist nos próximos shows.