Loopy’s World (Parte 15B) - Japão 1981



LOOPY'S WORLD (PARTE 15B) - JAPÃO 1981
Por: Steve Loopy Newhouse // Tradução: Ricardo Lira

Poucas semanas mais tarde (talvez tenha sido um pouco mais) rumamos para o Japão. Já havia notado o pessoal novo que andávamos recrutando pela Europa, mas no momento não significava nada para mim.

Colin Claydon havia substituído Stuart, e um dos rapazes da equipe da Trust (banda) estava a bordo, mas eu não fazia ideia por quê. Tendo um breve retorno com minha ex e pensando que as coisas estavam ok, descobri na noite anterior de voarmos para o Japão que ela estava se encontrando com outra pessoa. Fiquei devastado e quando contei para Dave Lights, nós nos sentamos no porão de Heathrow e choramos muito.

A ida até o Japão foi quase como uma viagem de ônibus. Voamos de Heathrow até Stuttgart, que fez uma parada curta; não tivemos que deixar o avião. Então de Stuttgart até Karachi, aonde fizemos uma parada total. Ia levar horas até a decolagem, então alguns de nós saímos do avião para checar o aeroporto local.

Não poderíamos ir muito longe pois nossas passagens não permitiam. E foi onde a maioria de nós foi pega de calças curtas.

O calor era inacreditável. Saí do avião em calças de treino, camiseta e uma jaqueta de turnê. Voltei para o avião com todos esses itens pendurados no braço. Por sorte, na época, eu sempre usava short, mas não esqueço jamais daquele calor. Ah sim, a hora local naquele dia era 4.00h (manhã).

Próxima parada foi Bangkok onde também tivemos que reabastecer. De fato, não me lembro muito do local. Como não era permitido sair da área do aeroporto, seguimos para o bar mais próximo, como de costume. Bem, somos britânicos (a maioria) de qualquer forma.

Foi quando vi o que somente pode ser comparado com algo que se vê em filmes. Aquele efeito nublado, úmido e enfumaçado que algumas vezes presenciamos em um filme dos anos 50. É quase como entrar em um bar que tenha uma pequena nuvem dentro. Aquilo foi exatamente o que testemunhei. É difícil explicar, mas espero que vocês entendam.

Proxima parada: Tóquio, Aeroporto de Narita. E eu não esperava por aquilo. Nenhum de nós esperava. Milhares de fãs nos aguardavam. Tenho que admitir que a maioria eram garotas, mas um terço eram caras/garotos (você escolhe).

Os fãs abarrotaram o aeroporto e por um tempo ficou assustador. Tivemos que ter uma polícia nos escoltando do recebimento das bagagens até a saída principal, onde tivemos um trânsito de frota de micro-ônibus esperando para nos levar até o hotel.

Mesmo assim aquilo não parou os fãs. Eles nos perseguiram por todo lugar.

A jornada do aeroporto de Narita até o centro de Tóquio levou algumas horas e o que mais lembro daquela viagem, embora estivéssemos em uma autoestrada, foi uma parede bem alta, ou cerca, entre a fronteira sul e fronteira norte do tráfico, então tudo o que se conseguia ver era apenas o que se passava na frente.

Após passarmos duas horas olhando para o número da placa da frente, finalmente chegamos em Tóquio e, pouco depois, chegamos em nosso hotel, o Keio Plaza. Pelos próximos dez dias ele seria nossa base, mas não lar. Devo explicar, eventualmente.



Chegando lá no nosso hotel, fomos avisados para permanecermos dentro do veículo até que fosse seguro, devido ao montante de fãs do lado de fora da entrada. O negócio levou mais quinze minutos até que então, finalmente, pudemos ser levados até a entrada do hotel, um a um. Uma vez no lobby, as coisas começaram a se acalmar um pouco.

O hotel em si era um lugar enorme de uma espécie de construção com torres gêmeas, com sua piscina em um andar próximo do trigésimo. A maioria de nós teve quartos em uma das torres, e ficamos bem acima de onde estavam as piscinas. A vista das janelas do hotel era algo estarrecedor.

Enquanto as chaves eram passadas para nossas mãos, o barulho de fora tornou-se ensurdecedor e foi mesmo estranho ouvir pessoas chamarem meu nome enquanto fazia aquela pequena jornada da van até a recepção do hotel.

Conversei com Lightsy sobre isso mais tarde, no meu quarto, e ele ouviu os fãs dizendo "Roopy" tanto quanto eu os ouvi dizerem "Dave Rights". Chegamos e fomos recebidos de uma maneira mais calorosa do que esperávamos.

Uma hora mais tarde, a maioria de nós confraternizamos no bar no subsolo do hotel, onde encontramos o promoter, Udo.

Esse cara era fantástico. Se você quisesse alguma coisa, ele encontrava. Ele disse a todos nós para pedirmos comida, sugerindo que tentássemos um sanduíche de filé. Claro que não precisava de muito esforço. Tendo passado as últimas 26 horas em um avião, um sanduíche de filé seria perfeito. Eu comi três e, como Udo estava pagando a conta e cada sanduíche saía por $7, eu já valorizava meu dinheiro.

Enquanto comíamos, Udo deu uma passada pelo itinerário conosco e nos apresentou a uma penca de gente que ele conhecia. Foi um grande encontro e sabíamos exatamente onde estávamos. Não havia muito tempo para excursionar, estávamos lá a trabalho.

Ele também nos passou os melhores lugares para bebericar, clubes para visitar, e também nos contou sobre um amigo seu que dirigia um bar chamado Lexington Queen, na área central de Tóquio, chamada Rippongi.



Fazendo o que nos foi dito, saímos e encontramos o tal bar somente para sermos confrontados pelo dono, um inglês, que estava nos esperando. Poderíamos dizer (que era inglês) pelo número de cervejas juntas e em frente ao bar, e os copinhos de Tequila logo atrás. Novamente, tudo isso foi organizado e pago por Udo.

Não muito longe do Lexington Queen estava um prédio que era uma discoteca. É a única descrição que consigo dar àquilo. Você entra em um elevador, pressiona qual andar quer e, ao chegar ao destino, caminha para dentro de uma discoteca. Mas os temas eram completamente divergentes. Em um andar havia rock, no outro seria disco, etc.

Tínhamos apenas um punhado de tempo de ensaio em Tóquio, então ficamos aconchegados em um quarto no sétimo andar de um edifício no centro da cidade.

Ficando curioso com o que havia à nossa volta, me aventurei pelo telhado do edifício e fiquei maluco com o que descobri. Não fazia ideia de que baseball fosse um esporte de sucesso no Japão, ou mesmo golfe, mas para onde eu olhasse havia redes montadas para prática. Acho que eles tinham que praticar em algum lugar, só não esperava que em algumas centenas de pés acima. Isso é só para mostrar o quão pouco conhecemos da cultura dos outros, penso eu.

Toda a turnê japonesa acabou sendo um pouco estranha, mas aprendemos muito em nossa estadia de dez dias.



Primeiramente, cada show começou às 4.30h da tarde e terminava normalmente às 6.00h. O tempo do carregamento era sempre a partir das 8.00 da manhã, mas descobrimos que no primeiro concerto, em Tóquio mesmo, havia várias pessoas com cadernos de anotação nos seguindo.

A equipe japonesa parecia muito feliz em nos ver arrumando as coisas, mas eles estavam constantemente tomando notas. E essas notas eram tipo um modelo que seria usado para os shows seguintes. E a atenção aos detalhes era espantosa. Lembro das luzes sendo focadas e havia um cara ali tomando notas de cada parte que os raios de luz atingiam no palco. Limpei meus címbalos e tinha um cara anotando tudo o que eu fazia.

Para encurtar uma longa estória, cada show que fizemos no Japão estava pronto antes de chegarmos lá. Até mesmo o kit de bateria estava montado da maneira como eu queria, mas talvez não da maneira de Clive.



Como eu disse, ficamos lá por apenas dez dias, mas a experiência vai durar para sempre.

Na maioria das manhãs estávamos enfiados em um trem-bala às 5h, viajando de uma cidade para outra. Acostumado aos confortos de casa, estava esperando uma xícara de chá e um sanduichinho de bacon, àquela hora da manhã. Sem chance, ou mais apropriadamente, nenhuma salsicha (N.T.: Do inglês "no sausage").

A única coisa disponível era sushi, que você poderia comprar de um cara na plataforma, custando cerca de £5 oito pedaços de arroz enrolados com peixe cru. Como acontece, sou alérgico a comida do mar, então fiquei sem.

Também não havia nenhum serviço de bordo, então, na hora em que atingimos nosso destino, eu estava seriamente faminto.

A viagem de Tóquio a Nagoia será lembrada por mim mais pelo tempo que levou para deixar a própria Tóquio. A cidade é tão extensa; levou de uma a três horas de viagem para finalmente deixarmos a cidade.

Então passamos pelo Monte Fuji, uma vista espetacular, mas então viajando a 200mph (N.T.: Cerca de 322 km/h) você não consegue tirar uma foto decente daquilo.

Após shows em Nagoia e Osaka, onde tivemos nosso primeiro real encontro com o alter ego de Adrian (Melvin), era hora de seguir de volta para Tóquio, onde fizemos os dois últimos shows no Sun Plaza, então foi "Sayonara!", Japão.

Udo, sendo o cavalheiro que era, se certificou de que a todos fossem dados presentes de despedida. E, carregando nossos presentes, foi hora de nos despedir. No momento em que chegamos no aeroporto, os fãs já estavam acampados do lado de fora. Havia milhares lá para nos acenar adeus. Eu ainda penso naqueles dias com profunda admiração.



Amo o modo como fomos tratados como reis, mesmo que não tivéssemos feito nada para merecer aquilo. Com apenas dois álbuns sob a cinta da banda, aquilo era um sinal de que as coisas melhorariam ainda mais.

E sim, Paul de fato introduziu a canção como 'Lunning Flee'.

Continua...
- Loopy's World (Parte 15C) - Então Foi o Meu Fim

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