LOOPY'S WORLD (PARTE 13A) - KISS NA EUROPA
Por: Steve Loopy Newhouse // Tradução: Ricardo Lira
Através das fronteiras e das barricadas.
Eu me encontrei com
Michael Kenney e
Pete Bryant no velho pátio Edwin Shirley, em West Ham, cedo o bastante para ouvir o galo cantar, só que sem cantar. Não havia nenhuma fazenda próxima nessa parte industrial da cidade, então tivemos que fazer o encontro com os trens passando próximos ao pátio, mesmo.
O equipamento da banda ficava guardado na Edwin Shirley nessa época, então sabíamos que tínhamos que carregá-lo para dentro do nosso mais novo caminhão Renault Saviem. Todos os nossos cases de viagem haviam chegado poucas semanas antes e estampados com o logo do Maiden, numerados de 1 a 25 e cuidadosamente carregados para dentro do caminhão por nós três.
O novo Saviem seria nosso lar pelos próximos poucos meses, e eu não podia esperar pela oportunidade.
O contato da Edwin, Annie Mac, nos disse que o caminhão tinha sido designado para andar a não mais do que 95 quilômetros por hora, e nós aceitamos o que ela disse. O primeiro teste foi levar esse velho automóvel para fora do velho pátio, e, se algum de vocês souber o que quero dizer, digo apenas que "tiro o chapéu" para os motoristas do Ártico que faziam da direção suas rotinas.
Aquilo não era tarefa fácil. Atravessando a fronteira, virando à esquerda na ponte, então à esquerda de novo até a encosta, uma curva em U acentuada, e ainda mais acima na encosta, novamente, sobre a estrada de ferro, então à esquerda e para baixo da encosta até a estrada principal e à liberdade. Fácil para alguém como eu no assento de passageiro. Ainda nem tínhamos começado e Pete já estava suando baldes.
Seria uma longa jornada. Próxima parada: Roma.
Pelo menos tínhamos a papelada certa dessa vez. Nossa prévia aventura pela Europa havia sido um desastre.
Fizemos um festival indoor numa cidade chamada
Kortrijk, na fronteira entre França e Bélgica. Sair de lá não foi nenhum problema. De fato, na mesma balsa que passava, nos encontramos com um grupo de caras indo para o mesmo festival. Eles eram uma banda pequena chamada
McKitty, incluindo um tal de
Nicko McBrain. Podem ver para onde isso está nos levando?
Como disse antes, o que Harry quer, Harry consegue. Mas de volta à estória.
Chegamos ao hotel, fizemos check-in, e tudo em ordem. Chegamos no local do festival e descobrimos que o
Judas Priest caiu fora e
Gillan agora é a headliner. Sem problemas. Tocamos nossa parte, arrumamos nossas coisas e então voltamos para o hotel.
Kortrijk é uma graça de cidade com um grande e vasto centro, e aconteceu de pararmos lá enquanto a banda visitava uns pubs. Havia um monte de estandes vendendo todo tipo de presentinhos, biscoitos, etc. e eles fizeram até uma espécie de carnaval, também.
Alguns dos estandes tinham cordas de cortiça pendurando um prêmio na ponta. A ideia daquilo era atirar na cortiça com um rifle de ar e receber o prêmio.
Todo mundo estava fazendo o possível para ganhar a tal da garrafa com bebida alcoólica, ou o maço de cigarros. Não John McCoy, o baixista da Gillan. Ele foi direto na máscara de gás e a ganhou.
A parte mais engraçada do fim de semana foi quando John e alguns dos caras da Gillan invadiram meu quarto às 4:00 da manhã e viraram a cama do meu companheiro de quarto de cabeça para baixo. Ele era Chris Caldwell, o homem do som do Iron Maiden na época. Os caras não perdiam tempo, mas John ainda usava a máscara quando entraram no nosso quarto.
Então, com Chris caído no chão, e a cama ainda por cima dele, eu voltei a dormir.
O dia seguinte foi um daqueles dias na história da banda que eu penso que a maioria de nós gostaria de esquecer.
Existe uma pequena coisa chamada Carnet. Um Carnet é uma lista de tudo que você leva de um país em uma van e deveria ser a lista de tudo o que você traz de volta, na mesma van. Estamos entendidos até aqui? Então posso continuar.
Não tínhamos nenhum. Um Carnet, digo.
Não sei de quem era o problema para resolver aquilo, mas nós, a equipe, quero dizer, sabíamos nada sobre isso. Saímos de Dover sem nenhum problema. Voltando, Pete e Mike Kenney ficaram na alfândega por quatro horas.
Eu? Bem, eu estava ok. Voltei na limusine com a banda e, se lembro corretamente, voltamos para a Bandwagon para tomar uma ou duas cervejas. Sei que Pete e MK não eram lá coelhinhos felizes.
Então, com aquela estória toda esclarecida e pegando a estrada para a Itália para se juntar ao
Kiss, o que poderia possivelmente dar errado?
Bem, primeiro de tudo aprendemos que o caminhão havia sido designado para atingir uma velocidade máxima de 60mph (95km/h), e tínhamos dois dias para chegar até Roma, então isso não devia ser um problema. Mas tínhamos que aprender rápido.
Chegamos até Dover cruzando o Canal de Calais, muito rapidamente. Tudo que tínhamos que fazer agora era navegar pela França até a fronteira França-Suíça.
A ideia era passar pela Suíça e por dentro da Itália, e então descer diretamente até Roma. No papel tudo parecia brilhante. E era... tão brilhante como ficou. Estávamos tão fora de nossas cabeças que simplesmente não percebemos que certas fronteiras fechavam à noite.
Chegamos na fronteira entre a Suíça e a Itália, até um lugar chamado Chievo, no momento em que a fronteira estava fechando no horário noturno.
Conversamos com todo mundo envolvido no cruzamento e, não tendo recurso suficiente para tentar subornar todo mundo, ficamos onde estacionamos o veículo, e daí tivemos que aguardar até às 8:00 da manhã seguinte para a fronteira abrir novamente.
Agora estávamos sob pressão. Tínhamos que dirigir pela extensão da Itália até chegarmos a Roma.
Finalmente resolvemos os problemas alfandegários ainda antes das 9:00h e pegamos a estrada sabendo que estávamos correndo contra o tempo. A distância de Chievo até Roma era de cerca de 950 quilômetros; estando a quase 100 km/h, 10 horas dirigindo, deveríamos estar em Roma antes da hora do show.
Não lembro muito da jornada pelo sul, fora alguns detalhes. Primeiro, se abaixássemos o vidro da janela, o ar entraria por baixo do vão entre o telhado e o forro do telhado ao ponto onde o forro do telhado cairia entre mim e o motorista. Então, primeira tarefa era cortar fora o forro do telhado.
À 95km/h, em um dia quente, isso poderia ter causado problemas indescritíveis. Então sendo os profissionais que éramos, tomamos medidas imediatas.
Segundo, lembro de ver a torre inclinada de Pisa à nossa esquerda, a poucas milhas de distância. Naqueles dias nunca teria pensado em comprar uma câmera decente para capturar o que havia à minha volta ou eu mostraria a vocês minha experiência visual também...
Continua...
- Loopy's World (Parte 13B) - Kiss na Europa
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