Loopy’s World (Parte 12) - Reading Festival e depois...



LOOPY'S WORLD (PARTE 12) - READING FESTIVAL E DEPOIS...
Por: Steve Loopy Newhouse // Tradução: Ricardo Lira

Pete Bennett, o roadie de bateria do Praying Mantis, tentou o máximo que pôde para entrar dentro das calças de Clive, e deu certo durante um tempo. Clive tinha feito o que ameaçava fazer por eras e me deu o velho chute na bunda. Problema se vocês não estiverem certos disso.

Mas eu não estava tão incomodado assim porque sabia que Bennett era um desperdício de espaço. Ele fazia menção de ser bom, mas não conseguia passar pela coisa, se isso faz sentido.

Iron Maiden tinha dois concertos para fazer antes que saísse para a maior turnê de todas, em suporte ao Kiss, na parte europeia da Unmasked World Tour, e eu estava determinado a ser parte daquilo.

O primeiro dos dois supracitados concertos se deu em Cromer, Norfolk. Era para ter sido um show de aquecimento antes do Maiden tocar no Reading Festival, duas noites mais tarde.



Como eu não fazia mais parte da equipe, todo mundo zarpou mais cedo com o equipamento da banda e eu fui deixado em casa, me perguntando o que faria a partir dali.

Então recebi um telefonema de Vic perguntando se poderia me encontrar com ele, e foi o que fiz. Vic botou a cabeça pra fora da limusine e disse "Entre, estamos indo para Cromer." Eu não argumentei, apenas sentei no assento do passageiro e dali seguimos.

A jornada até Cromer, partindo de Hackney, durou cerca de três horas, mas eu e Vic fomos conversando e não notamos que o tempo havia passado depressa.

Chegamos ao local no começo da tarde e eu entrei para ver o que estava se passando. Era óbvio que as coisas não estavam como deveriam estar. A bateria ficou montada pela metade e Pete Bennett não podia ser encontrado em lugar nenhum, então, para mim, na minha pequena cabeça, sabia que aquilo tinha que ser resolvido, e terminei de montar a bateria da maneira que Clive não gostava, aparentemente.

Mas Dave Lights também havia sumido. Acabamos sabendo mais tarde que Lightsy ficou tanto tempo no sol que acabou tendo insolação. Então, durante o show, acabei trabalhando na iluminação para a banda também. Foi uma experiência estranha nunca ter trabalhado com luzes antes, mas Derek e Roger (da Meteorlites) estavam a postos para certificar que nada desse errado.

Tudo o que eu tinha que fazer era empurrar pra cima alguns controles e ter certeza de que não tivéssemos muitas luzes atuando ao mesmo tempo, ou poderia arrebentar com a potência. Agora eu não sou nenhum expert, mas não tive reclamações sobre o trabalho que desenvolvi, e após todo esse tempo foi estranho ver a banda fazer um set inteiro lá da frente.

Não que eu me lembre muito sobre isso, dado o frenético manejo de botões e controles sendo acionados para cima e para baixo. Foi provavelmente o concerto mais rápido que já fiz com a banda. Mas também mostrava que eu tinha outra corda para meu arco. Eu poderia fazer algo mais do que montar bateria.

Sem precisar dizer, tive meu emprego de volta e Bennett foi demitido. Até hoje não sei porque ele desapareceu. Eu o encontrei poucos anos mais tarde e ele estava na área de montagem de kits de bateria em miniatura, mas eu não poderia ter me importado menos. Aquele babaca tentou roubar meu emprego.

Então, agora tendo minha função reestabelecida no Maiden, a próxima parada era o Reading Festival. E outro longo dia se desdobrou...

Eu tinha ido a Reading algumas vezes como frequentador, fã, entusiasta musical, que seja, sendo que, do início até metade dos anos setenta, havia apenas um palco, mas devido à popularidade, perto do final dos setenta, começaram a usar dois palcos, lado a lado. Eles os chamaram de palcos A e B para evitar qualquer confusão. A banda principal tocaria no Palco A e a secundária no Palco B, etc.



Nós chegamos ao local em nosso novo caminhão Edwin Shirley e finalmente fomos até onde o equipamento da banda teria que ser descarregado, no palco B. Olhando por cima da multidão do palco B você podia enxergar um passadiço correndo pelo meio dos fãs e dando acesso até à frente da torre de som. Lembro de Rod ficando bem excitado por causa disso, e eu vou chegar lá em um minuto.

Uma vez preparado o equipamento da banda, havia sobrado um pouco de tempo para algum R n R. Não, não rock and roll, mas repouso e relaxamento.

Não, errado de novo. Rod tinha que ter alguém para fazer algumas estúpidas máscaras  Eddie de borracha, e queria que eu e Dave Lights as usássemos para umas fotos promocionais. Eu não tinha problema com aquilo. Podia ver que havia uma oportunidade ali para maximizar a publicidade, mas o que eu não podia esperar era o que Rod havia visto.



O passadiço que mencionei dois parágrafos atrás. Sim, esse mesmo. Bem, Lightsy e eu tivemos que caminhar por ali até a mesa de mixagem e de volta com essas porras de máscaras estúpidas na cabeça. Eu podia ouvir Lights atrás de mim dizendo, "vai mais rápido" e eu dizendo, "Adoraria, mas não consigo ver para onde estou indo, pombas!"

Nós finalmente chegamos a uma área segura nos fundos do palco e eu jurei que nunca mais faria nada como aquilo novamente. Aquilo me tirou tanto da zona de conforto que eu me questionei se era realmente o que queria fazer. Eu era um roadie de bateria, pelo amor de Deus, mas Rod tinha um modo de manipular pessoas.

Houve vários incidentes entre Rod e eu, e eu não sei por que ele continuava me pegando para fazer coisas as quais não estava interessado. O tanto quanto era do seu interesse, eu trabalhava para a banda e eu deveria fazer o que ele queria. Mas ele nunca perguntou aos técnicos de guitarra para fazer nada daquilo. Ele não ousaria. Ia parar era com uma guitarra enfiada na bunda. Então por que sempre eu?





Será que eu era visto como uma conexão mais fraca? Aquilo não fazia qualquer sentido. Eu estava lá desde o início. Ajudei essa banda a se tornar Iron Maiden e eu teria feito quase qualquer coisa para ajudá-los a subir a escada. E eu digo quase. Talvez esse "quase" não fosse suficiente.

Não importava quantas vezes tinha que dizer a ele para se foder e me deixar continuar com meu trabalho, ele estava sempre me pedindo para fazer algo que não gostasse. Como disse antes, ele não era Peter Grant, e estava começando a ficar claro para mim que ele ia acabar sabendo disso.



Nunca tive a chance, de qualquer forma. Acho que foi Steve que disse a Rod para me deixar em paz. Não fui eu quem levou o problema até Steve, mas acho que um pessoal da equipe percebeu o que estava acontecendo e talvez tivesse mencionado para ele.

Não me entendam mal, Rod tinha um trabalho a fazer e eu respeitava aquilo, mas existe um modo de tratar pessoas que Rod não conseguia levar. Ele vê todo mundo como abaixo dele e eu entendia totalmente o que estava tentando fazer. Mas por que a constante chateação? Nunca vou saber. Se era bom o bastante para a banda, seria bom o bastante para ele.

Mais tarde, ao cair da noite, a banda tocou um set fulminante e, de onde eu fiquei, olhando por sobre a massa de fãs, todos acenando suas mãos, eu sabia que seríamos um ato difícil de ser seguido.









Como a UFO conseguiu chegar perto de nós naquela noite, nunca vou saber. Tão logo nós saímos do palco e prontos para nos mover, tivemos que voltar para Londres e começar a nos preparar para a viagem até a Itália para a turnê com o Kiss.

Mas aquela imagem de todos aqueles fãs acenando para nós no Reading vai ficar comigo para sempre. Nunca tinha visto nada como aquilo. Minha ida recente ao Donington Download Festival me deu arrepios, mas nada se compara a ver aquilo de cima de um palco.

Continua...
Loopy's World (Parte 13A) - Kiss na Europa

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