Adrian Smith: "Nós gostamos de desafios"



O guitarrista do Iron Maiden, Adrian Smith, foi entrevistado pelo jornal argentino Clarín. Adrian falou sobre as turnês, projetos paralelos e o futuro do Iron Maiden. Confira! 

CLARÍN: Depois de tantos anos anos com o Maiden, está cansado de algo?

Adrian Smith: É o contrário. Depois de tantos anos, agora posso aproveitar o fato de estar em turnê, tocar um dia após o outro, frente a tantos públicos diferentes, ir a lugares onde outras bandas não chegam, e pelo simples fato de saber que ali há muitos fãs nossos.

CLARÍN: Primeiro foi o ASAP, depois o Psycho Motel, e em 2011 o Primal Rock Rebellion. Por que tantos projetos paralelos? Se sente sufocado sendo apenas do Maiden?

Adrian Smith: É possível que isso tenha acontecido vinte anos atrás, mas agora não. Encaro meus projetos a parte, basicamente para quando não estamos viajando com a banda, que podem ser meses e meses, acho que é um momento produtivo. Acho muito gratificante essa coisa de escrever algo e sentir-se criativo.

CLARÍN: O fato desta turnê estar recriando algo que fizeram em 1988, significa que o Iron Maiden não quer fazer novas canções?

Adrian Smith: Não, não! É importante para o Iron Maiden fazer canções novas e é provável que mais adiante haja um novo disco. Nós gostamos de desafios!

CLARÍN: O que houve de verdade sobre atritos e problemas pessoais entre você e Steve Harris? O tempo contribuiu para suavizar ou acentuar as diferenças? 

Adrian Smith: Bom... todo o trabalho de compor uma canção, de como vai soar cada instrumento, não deixa de ser um trabalho. Esse é o nosso trabalho. E como em toda equipe de trabalho, há opiniões diversas, e é natural que cada um coloque maior ênfase sobre a realização do seu próprio olhar. Às vezes, isso pode ser conseguido com harmonia, às vezes nem tanto. Mas com o tempo gerenciamos essas tensões de forma diferente, porque, bem, se aprende com a experiência.

CLARÍN: No documentário "Flight 666", de 2009, podemos ver a banda desfrutando bastante do público em toda a América Latina. Mas, em Buenos Aires, com os fãs aglomerados em frente ao hotel e vocês praticamente incapazes de sair, observa-se vocês um pouco irritados. Quais são as suas lembranças daquela visita? Qual é o ponto de euforia do fã ideal?

Adrian Smith: Me encanta ver o público apaixonado. Isso é sempre bom, mas melhor ainda é quando todo esse amor é demonstrado durante os shows. Na América do Sul, em particular, é muito impressionante ver e ouvir como as pessoas cantam o tempo todo, sabem o acorde que vem depois do outro. E não apenas os sucessos, mas em todas as músicas. Isso é muito inspirador. Faz com que nos esforçamos para oferecer a melhor interpretação possível. No meu caso, eu também acho que posso fazer com a guitarra algo que eles não sabem, o que pode surpreender algumas vezes.

CLARÍN:  Além dos indiscutíveis Iron Maiden, Black Sabbath, Judas Priest e Metallica, o que você acha do Metal como gênero? Qual é o seu futuro?

Adrian Smith: Toda vez que vejo uma nova banda tocar por pura paixão, e, em seguida se entregar por completo quando estão no palco, creio que ali está o futuro. Eu não acho que o metal irá se esgotar com os grupos mais populares. Ele surgiu como uma maneira de expressar alguma coisa, uma força de mudança na sociedade, em muitas partes do mundo, e continua. E o metal permanecerá enquanto isso continuar.

CLARÍN:  Você disse que decidiu ser guitarrista, quando muito jovem, esteve em um show do Deep Purple e viu Ritchie Blackmore. Como você se sente ao pensar que qualquer adolescente, na sexta-feira, no Estádio do River, pode estar decidindo o mesmo ao ver Adrian Smith?

Adrian Smith: Responsabilidade (risos). Me sinto muito lisonjeado. E eu acho que depois de todos esses anos tocando e excursionando serviram para alguma coisa. Você nunca esquece o primeiro show que viu, e eu acho que talvez os caras usem essa inspiração para alimentar sua própria criatividade. Essa é a melhor coisa que pode acontecer com um músico.

CLARÍN:  As turnês do Iron Maiden são longas, intensas, requerem muita energia, e vocês já não são mais jovens, embora pareçam. Como vocês se preparam fisicamente para tanto desgaste? São quase atletas, mais que roqueiros.

Adrian Smith:  Bem, a vida da banda em turnê é bastante recatada. Quando o show termina, vamos comer juntos, e isso é o mais divertido fora do palco. Mas o único atleta é Bruce. O que eu faço é dormir. Eu durmo bem. E me divirto muito com a Internet. Agradeço a Deus pela Internet!

Fonte: Clarín